
VILA ISABEL

G.R.E.S. UNIDOS DE

FICHA TÉCNICA
Presidente: Luiz Guimarães
Fundação: 04 de Abril de 1946
Títulos: 3 (1988, 2006 e 2013)
Cores: Azul e Branco
Carnavalesco: Paulo Barros
Diretor de Carnaval: Moisés Carvalho
Direção de Harmonia: Chico Branco, Diego Mendes, Joelma Veiga, Nanduco Vila, Yuri Maia e Wanderson Sodré
Intérprete: Tinga
Comissão de Frente: Alex Neoral e Márcio Jahú
Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Marcinho Siqueira e Cristiane Caldas
Mestre de Bateria: Macaco Branco
Rainha de Bateria: Sabrina Sato
ENREDO

"Quanto mais eu rezo, mais assombração aparece!"
SINOPSE
Era noite de carnaval do ano de 2025 e os foliões brincavam nos desfiles que percorriam a Avenida. Nas arquibancadas, o público cantava e dançava ao som animado das baterias. Tudo transcorria como o esperado. De repente, na concentração, começa a soar a primeira sirene estridente, anunciando que a próxima escola vai entrar na Marquês de Sapucaí. Os componentes se preparam para incorporar os personagens de suas fantasias. Na pista vazia, o povo aguarda o próximo espetáculo sem imaginar o que está por acontecer... “Atenção, Sapucaí! Quanto mais eu rezo, mais assombração aparece! Vem aí, a Unidos de Vila Isabel!”. Atendendo ao chamado, um enorme Trem Fantasma, lentamente, vai invadindo a pista... – É chegada a hora de embarcar nessa estranha aparição para correr os trilhos de uma aventura cheia de mistério e diversão: comecem a rezar, porque a Vila vai assombrar!
Cada um que tome o seu lugar! Apavorados? No escuro, se encontram as mais temidas assombrações. Elas surgirão aos montes para animar o maior pesadelo: encontrá-las todas em um só lugar: fantasmas, almas de outro mundo, bruxas e monstros que se escondem na mente humana virão para tirar vocês do sério... Preparados? O trem se movimenta e não há como fugir! Melhor superar o terror provocado por eles, orando para que desapareçam!! Peguem seus amuletos, usem suas rezas e mandingas, peçam a todos os santos, descubram qual é a melhor forma de se protegerem porque o trem vai correr na velocidade da imaginação e não será possível voltar atrás. Vamos juntos, cada um com sua devoção! Respiração suspensa e coração acelerado, todo mundo suando frio, todos amedrontados com a expectativa de enfrentar o desconhecido. Preparem-se porque esse inusitado show vai começar!
Os rodeiros arranham os trilhos. O trem avança e nada mais se vê à frente. O maquinista fantasma acelera para frear bruscamente diante da escuridão!
NAS MATAS E FLORESTAS
Faz frio e o arrepio corre pela espinha ao percebermos que entramos em uma floresta onde uivos são ouvidos ao longe. Algo estranho surge entre as árvores... e se aproxima... de repente, o Curupira, protetor do mato, surge para confundir e afastar os invasores! O trem acelera de novo e para, de repente, diante do temido Lobisomem! Garras preparadas para dominar suas presas, o bicho pula uivando enquanto o trem corre em outra direção. Ave-Maria nos livre da maldição da Lua cheia! E o livramento que nos salva desse susto não consegue afastar o Anhangá, um espírito protetor das florestas, que, segundo os filhos de Tupã, enlouquece aqueles que tentam invadi-la. Peçam proteção aos encantados! Ao percorrer as matas, o risco é encontrar, à espreita, temidos seres primordiais que desconhecemos. Na velocidade do Trem Fantasma, chegamos a uma aldeia depois de escapar dos assombros da floresta. Um alívio. Mas que dura apenas alguns instantes porque lá vem o Boitatá, a imensa serpente incandescente, que defende os habitantes das matas contra as terríveis queimadas! Segurem o fôlego para passarmos por ela sem sermos vistos!!! Mas, cuidado, porque, logo adiante, se esconde o Saci que chegou pra perturbar!
NAS ÁGUAS
Os carrinhos trepidam levemente percorrendo um trajeto retilíneo, com um balanço que acalma dentro da escuridão. Ouve-se o murmurinho das águas ao redor, como se estivéssemos percorrendo a superfície de um rio. De algum ponto distante, é possível perceber um canto suave e envolvente. A voz se aproxima, e eis que surge a Iara, uma sereia capaz de nos hipnotizar com sua inebriante beleza. A essa altura, já estamos sentindo o incontrolável desejo de nos entregar em seus braços para o último mergulho. O experiente maquinista nos livra, mais uma vez, fazendo uma curva brusca que nos tira do lugar. Mal sabíamos que, ao fugir da sereia, teríamos que enfrentar outros seres apavorantes das águas! Das profundezas do rio, surge o Yacuruna, um híbrido medonho, com a cabeça virada para trás! Ele avança sobre nós montado em seu enorme jacaré preto! Contam as histórias da Amazônia que é ele o responsável pelo desaparecimento das pessoas... Essa foi por pouco! Ainda bem que ainda estamos todos aqui atravessando o rio velozmente! “Opará”, assim chegamos ao velho rio-mar... E quase atropelamos o Caboclo D’Água, que vinha pronto para nos derrubar! Pelo sim, pelo não, temos que pedir proteção para espantar essa atrevida aparição! Outra virada repentina para a esquerda e o rio deságua no mar. Quem nos espera em águas salgadas é o João Galafuz, um duende marinho que emerge das ondas para provocar tempestades. Melhor não arriscar, dar marcha ré e voltar ao Velho Chico, onde navega, ao longe, a Gaiola Encantada, muito iluminada, pronta para o embarque das almas afogadas.
Dizem que ela nos leva aos caminhos da morte. Será?
O trem ganha mais velocidade e atravessamos uma cortina de fumaça. O que nos espera do outro lado? Almas do outro mundo, que vagam perdidas pela Terra, chegamos! Atravessamos a fronteira do pavor!
NAS REDONDEZAS
Gritos, lamentos e gemidos horrendos revelam a presença macabra do Corpo-Seco, um morto-vivo que vaga pelas estradas e aterroriza quem se atreve a cruzar o seu caminho! Cruz credo! Corre o trem sem direção até atravessar as pesadas portas de um castelo mal-assombrado que se fecham atrás de nós! Teremos como fugir do assombroso salão onde vampiros se divertem ao som de um batuque irresistível? Comandando o ritual de sedução, está o temido Conde Drácula, personagem que não perde uma noite de carnaval! Não se entreguem, porque esses lascivos anfitriões estão famintos! O condutor encontra a porta dos fundos. Ainda inebriados pelo ritmo quente da bateria, lá fora, o silêncio ensurdecedor de um cemitério retorna atemorizante... Das tumbas, emerge a Mulher de Branco, assustadora aparição que quer capturar nossas almas! Socorro! Esses arrepios insuportáveis pelo corpo nos levam a crer que ela vai conseguir! O pio da coruja Rasga-Mortalha anuncia que a morte nos espreita. Medo, pânico, não vamos escapar! Minha mãe, nos tire daqui!!!
NA INFÂNCIA
A vida passa como um filme diante da iminência do fim. E o trem nos conduz aos tempos de infância, quando tivemos nossos primeiros sustos. A cada curva, vamos encontrando assombrações inesquecíveis de quando éramos crianças: o Bicho-Papão, sempre à espreita, pronto para carregar os que desobedecessem aos pais; a Bruxa terrível, que queria nos colocar no caldeirão! Cuidado, a Cuca vai te pegar! O homem do saco, ameaçador, dessa vez nos leva sem piedade! E o Lobo Mau, pronto para nos engolir?
NA FOLIA DO DIA DAS BRUXAS
No último trecho, descobrimos o nosso maior amuleto: a alegria! É chegado o fim da linha! O Trem Fantasma faz seu desembarque na Avenida. Vamos brincar com a imaginação e transformar nossas assombrações num incrível Dia das Bruxas, onde palhaços assustadores, feiticeiras horrendas, bonecos medonhos e tantas outras criaturas tomam conta da folia!
Vistam suas fantasias porque, agora, a Vila vai nos assombrar de alegria!
SAMBA-ENREDO
Compositor: Raoni Ventapane / Ricardo Mendonça / Dedé Aguiar / Guilherme Karraz / Miguel Dibo / Gigi Da Estiva
Intérprete: Tinga
Embarque nesse trem da ilusão
Não tenha medo de se entregar
Pois nosso maquinista é capitão
E comanda a legião que vem lá do Boulevard...
O breu e o susto em meio à floresta
Por entre os arbustos, quem se manifesta?...
Cara feia pra mim é fome
Vade-retro lobisomem, curupira sai pra lá.
No clarão da lua cheia
Margeando rio abaixo
Ouço um canto de sereia
Ê caboclo d'água
Da água que me assombra
A sombra da meia-noite
Foi-se a noite de luar (oooi)
Na tempestade, encantada é a gaiola
Chora viola, pra alma penada sambar
Nas redondezas, credo em cruz Ave Maria
Quanto mais samba tocava, mais defunto aparecia
Silêncio...
Ao som do último suspiro vai chegar
A batucada suingada de vampiros
Quando o apito anunciar...
Eu aprendi que desde os tempos de criança
A minha Vila sempre foi bicho-papão
Por isso, me encantei com esse feitiço
Que hoje causa rebuliço arrastando a multidão
Solta o bicho, dá um baile de alegria
É o povo do samba virado na bruxaria
O caldeirão vai ferver, eu quero ver segurar
Não tem jeito, a Vila vai te pegar!
